Uma simples brincadeira que se transformou numa história com 180 páginas :) Por algum tempo ficou fechada na minha gaveta , agora está corrigida e quase pronta ... Em breve...
Na infância pensamos que temos todo o
tempo do mundo! Que a vida é eterna, que todos os que nos rodeiam e amamos, permanecem
para sempre junto de nós.
Hoje penso nisso e vejo o quanto era
ingénua. A mesma está traçada com um rumo definido, um caminho que nós à
partida escolhemos e é nesse trajeto que muitas vezes, damos um passo em falso.
A vida simplesmente transforma-se de
um momento para o outro, modifica-se a um ritmo alucinante e, os que nos
acompanharam durante anos, dias, segundos, nos momentos maus e bons, tristes e
confusos deixam-nos abruptamente, sem tempo para se despedir ou talvez pensemos
assim.
Chego à triste conclusão: todos esses
anos que as pessoas passam connosco e partem sem uma explicação, não são mais do
que uma despedida silenciosa, como se nos quisessem castigar pelos erros cometidos!
Naturalmente, se soubéssemos que um ente querido ia morrer, certamente que agiríamos
de outra forma, não cometeríamos tantos disparates, mas também não éramos
genuínos; pensaríamos duas vezes antes de dar uma resposta e muitas decisões da
nossa vida seriam completamente diferentes. Vivemos na ignorância e é melhor
assim, poupamos lágrimas antecipadas! Já pensei tantas vezes neste assunto, mas
nunca encontro uma resposta concreta e talvez não viva anos suficientes para encontrá-la…
O Temporal
fazia-se sentir lá fora e as gotas de chuva eram abafadas pelo som do
televisor! Por vezes as trovoadas eram fortes e intensas e parecia que a
qualquer momento o mundo ía ruir. De facto o meu mundo ruiu nesse dia. Lembro-me
de estar sentada a ver um filme muito conhecido, a “Cidade dos anjos” de Brad
Silberling e as lágrimas percorriam-me a face à medida que
previa o que ia acontecer à personagem, que a Meg Ryan desempenhava. Estava
penetrada naquele mundo da ficção e longe, a anos-luz da realidade.
O telefone começa a tocar e por momentos não o oiço ou finjo não o ouvir,
para não ter que me levantar e só por muita insistência contrariei a moleza do
meu corpo e atendi a chamada. Recordo-me de que, nem sequer fui capaz de
articular uma única palavra a não ser a frase habitual: quem fala?
Tornou-se tudo muito complexo e só quando desliguei o telefone dei
conta da verdadeira situação. Estava atónita e queria que tudo aquilo fosse um
sonho em que, acordo e fica tudo bem. Mas não, estava tudo na mesma, os mesmos
quadros, o mesmo quarto e aquele maldito telefone. As lágrimas queimavam-me a
pele, mas essa era a dor menor, a maior dor, foi saber que nunca mais te iria
ver. Estava incrédula com aquela notícia inesperada e com a semelhança daquela
película, que continha elementos idênticos à minha realidade. Tento suster o
choro, mas não consigo por isso continuo a chorar, compulsivamente. Nunca suspeitei
que os anjos pudessem existir mesmo… Levaram-te sem ao menos poder viver
contigo o que eu sonhara nem tu alguma vez imaginaste esta separação. Passaram
uns cinco anos desde o fatídico dia em que comecei a viver numa outra
realidade, num mundo que eu queria que fosse desconhecido. O puzzle deixou
de estar completo, havia peças perdidas, a minha sanidade por algum tempo
desmoronou-se e tinha pena de mim própria; do tempo que perdi em discussões
infindáveis, de não ter aproveitado e revelado por completo o verdadeiro
sentimento que crescia em mim, dia após dia. Agora, mais do que nunca sinto-me
incompleta. Só damos o real valor às coisas quando as perdemos. Durante a nossa
vida não somos capazes de ser completos, de revelar os verdadeiros sentimentos,
ou por orgulho, ou por medo, ou porque não nos restou um minuto sequer, que
podia ter modificado muita coisa. Talvez se tivesse despendido desse precioso
tempo não teria acontecido daquela maneira, afinal de contas basta um segundo
para mudar todos os acontecimentos.
Tudo o que me atormenta, irá sempre acompanhar-me até eu deixar de pertencer a este mundo e nunca mais serei a mesma pessoa, duvido até se voltarei a sorrir. É o que eu penso neste momento, que a cada dia impera a angústia, as perguntas sem resposta, os remorsos, a perda irreparável, as dúvidas, tantas dúvidas, mas se não as tivermos então porque vale a pena viver?
Tudo o que me atormenta, irá sempre acompanhar-me até eu deixar de pertencer a este mundo e nunca mais serei a mesma pessoa, duvido até se voltarei a sorrir. É o que eu penso neste momento, que a cada dia impera a angústia, as perguntas sem resposta, os remorsos, a perda irreparável, as dúvidas, tantas dúvidas, mas se não as tivermos então porque vale a pena viver?
Os “ses” da vida estão
na verdadeira forma como tomamos as nossas decisões. “Se” isto, “se” aquilo,
“se” o outro não gostar de mim ou “se” eu estiver errada, se em vez de nos
questionarmos tanto, fossemos em frente sem medo e passássemos à ação, tenho a
certeza que ficaríamos a ganhar muito mais com isso. Hoje, com 29 anos, mais
adulta e menos ingenuidade propícia daquela idade, compreendo que os segundos
têm que ser intensos, hoje e cada vez mais tudo é descartável, mas uma coisa é
certa, tu marcaste-me e ficarás para sempre em mim. Tudo isto serviu para dar
valor à vida, a mim própria e ao tempo que dispomos…
By:Ana Brinca
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